ANUÁRIO 2020
Panorama dos Festivais/Mostras Audiovisuais Brasileiros - Edição 2020
A pandemia do novo Coronavírus alterou a forma como nos relacionamos, ainda que momentaneamente: deslocamo-nos ao isolamento e evitamos aglomerações. Atividades foram realocadas para o ambiente doméstico, efetuadas por dispositivos como computadores, microfones e webcams e intermediados pelo acesso à internet. Para ficar em dois exemplos pontuais, imprescindível não associar o home office e o estudo remoto ao ano de 2020. Não obstante, é consequência direta a associação do ano que passou com as adequações emergenciais de implementação dessas atividades e como esses fatores explicitaram a desigualdade do acesso presente na sociedade brasileira.
Além do trabalho e estudos, o lazer também se transferiu – embora já o estivesse - ao consumo doméstico. A busca por streaming no Brasil cresceu mais de 180% em apenas um ano (FELTRIN, 2020), e a aproximação (consumo?) à cultura no período de confinamento auxiliou as pessoas a passarem pela quarentena, como uma válvula de escape. Dentre as atividades online mais realizadas estão, depois de escutar música (84%) a procura por assistir filmes e séries (73%) e shows ao vivo (60%) (HEROLD, 2020). O audiovisual, assim, foi, continua e será um importante recurso da cadeia cultural, com relevante demanda.
Os festivais/mostras audiovisuais brasileiros tentaram encontrar um chão para fixar seus pés. Como eventos de essenciais aglomerações, festividades e realizações que privilegiam o acontecimento físico, suas partes online serviam de suporte para a realização presencial: sites e redes sociais eram espaços de informações gerais, consulta de regulamento, procedimento de inscrições e arquivo, com tímida inserção para a exibição online.
Entre 2016-2019 aconteceram pouco mais de 20 eventos audiovisuais brasileiros online que abriram inscrições para obras, enquanto tem-se registro do acontecimento de, no mínimo, 300 eventos presenciais anuais.
A instalação da pandemia do novo Coronavírus e os períodos de reclusão, os festivais encontraram-se em um dilema: 1) cancelar/adiar suas realizações presenciais; ou 2) Assim como o trabalho e os estudos, adequarem-se à exibição online, aderindo ao fluxo de exibição virtual dos poucos festivais/mostras brasileiros de até então. Alguns eventos optaram por não acontecerem, pela insegurança de acontecer durante uma pandemia, por não aderirem à prática online e/ou por dificuldades orçamentárias. Outros festivais/mostras, por sua vez, adentraram a esta nova configuração de exibição, surgindo um panorama do acontecimento dos festivais, o primeiro do período pandêmico.
Ou seja, o anuário permitiu analisar o setor dos festivais antes da pandemia, durante a pandemia e como está sendo após a pandemia.