ANUÁRIO 2021
Panorama dos Festivais/Mostras Audiovisuais Brasileiros + Sessão Extra: Aldir Blanc - Edição 2021
A pandemia do novo coronavírus permanece. A continuidade das necessárias medidas de distanciamento social e suspensão de eventos presenciais em boa parte do ano também foram mantidos em parte do ano, com o alento do avanço da vacinação. Nesse cenário, profissionais da cultura, do cinema e do setor como um todo permaneciam impactados para retornarem as suas atividades.
A promulgação da Lei Aldir Blanc, a Lei Federal nº 14.017/2020, injetou 3 bilhões de reais a Estados e municípios para ações emergenciais no universo da cultura. Entre editais, chamadas públicas, prêmios, manifestações culturais, entre outros (LEI N° 14.017, 2020), o setor teve um suspiro substancial depois de muita pressão por algum tipo de auxílio, utilizados também em 2021. Os festivais foram diretamente impactados pela Lei, encontrando um fôlego para acontecimento. Por este motivo, os eventos contemplados com os recursos da Lei foram analisados também de forma separada no anuário, registrando os efeitos diretos da norma.
Paralelamente, O Senado Federal aprova o projeto de lei complementar PLP 73/2021, a Lei Paulo Gustavo, que libera R$ 3,8 bilhões para amenizar os efeitos negativos econômicos e sociais da pandemia, prevendo financiamento de festivais e mostras.
Com queda de receita de 86%, os cinemas brasileiros viram o mercado do streaming crescer quase 30% no mesmo período, segundo a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2021–2025 (MORISAWA, 2021; PESQUISA GLOBAL, 2021). Desde o início da pandemia, o país possuía cerca de 3500 salas de cinema, e no final de 2021 já rondava as 3200 salas (BREDA, 2021).
O texto de Ana Paula Sousa também aponta uma sinuosa procura por filmes brasileiros fora do espaço-cinema, com predisposições para esse diálogo via televisão (39%), plataformas sob demanda (30%), downloads (17%) e só depois, a sala escura (12%) (SOUZA, 2021). Mesmo com um início de retorno das exibições presenciais, aparentemente o leque de opções de consumo audiovisual residirá no mundo físico e no mundo virtual simultaneamente, fazendo empresas e consumidores se adequarem à essa formatação de negócios e contato com as obras.
Essa dualidade de espaços talvez seja a síntese dos festivais/mostras audiovisuais brasileiros em 2021. As realizações presenciais retornando, seguradas pelas vacinas nos braços dos brasileiros; as exibições online mantendo-se como ambiente possível de exibição durante a pandemia.
Seria o início de um universo em que os festivais e mostras teriam demanda para as exibições presenciais e também online? Os eventos híbridos permaneceriam?